O BRASIL SÓ OLHAVA PARA O EXTERIOR. TUDO O QUE ERA BOM VINHA DE FORA. NÃO ACREDITÁVAMOS NA FORÇA DE NOSSA EXPRESSÃO CULTURAL. A PARTIR DOS ANOS DE 20, PASSAMOS A VIVER O INÍCIO DO MODERNISMO. CRIAMOS UMA LITERATURA COM BASE NA REALIDADE VIVIDA EM CADA REGIÃO DO PAÍS: SURGE JORGE AMADO, COM O “PAÌS DO CARNAVAL”. PASSAMOS A CRIAR UMA EXPRESSÂO VISUAL, INCORPORANDO AS CORES, AS FORMAS DA NATUREZA E AS LENDAS POPULARES: SURGEM OS PINTORES PORTINARI, DI CAVALCANTI, TARSILA. O ARQUIITETO NIEMEYER PROVA QUE A BELEZA DE UM PRÉDIO PODE SER LEVE.
ESSA REINVENÇÃO DO BRASIL PASSA TAMBÉM PELO FUTEBOL. NESSE PERÍODO, ENTRE OS ANOS DE 1930 a 1950, SURGEM DOIS GRANDES CRAQUES DO FUTEBOL: DOMINGOS DA GUIA E LEÔNIDAS DA SILVA, O DIAMANTE NEGRO, INVENTOR DA BICICLETA, UM TIPO DE JOGADA EM QUE O JOGADOR CHUTA A BOLA “VOANDO” COM AS DUAS PERNAS PARA CIMA. ELES AQUI FIGURAM COM A MESMA IMPORTÂNCIA AO LADO DE OUTROS CRAQUES DA VIDA CULTURAL BRASILEIRA.
QUEM FOI QUE DESCOBRIU O BRASIL?
- Quem descobriu essa terra chamada Brasil foi “seu” Cabral, há muito tempo atrás.
Mas o Brasil Brasileiro só foi descoberto pelos heróis do século XX. Heróis que venceram preconceitos e desbravaram a alma dos brasileiros, .
como o antropólogo pernambucano Gilberto Freyre que olhou para esse povo misturado e mestiço e disse:
“Isso é bom!”
Heróis das décadas de 1930 e 40 que descobriram o valor da nossa cultura e da nossa gente como o compositor carioca Villa-Lobos que ouviu o batuque dos negros, o canto do índios, o violão das esquinas, e disse:
“Isso vale uma sinfonia!”
O Brasil virou Brasil quando deixou de acreditar que para ser civilizado era preciso virar branco e falar francês.
E QUEM FOI QUE INVENTOU ESSE NOVO BRASIL?
Foi gente como o poeta paulista Mário de Andrade, que deu o novo grito do Ipiranga:
- “Chega de Imitação!”
Chega de ter saudades da Europa, que ser brasileiro agora vale a pena!
E foi a pintora Tarsila do Amaral, caipira-chique de Capivari, que criou o Abaporu, a índia que pensa: “Tupi or not tupi?”
- Ser Tupi, claro...
Ser Brasileiro é devorar tudo que vem de fora, e depois fazer do nosso jeito.
O Brasil dos anos 30 não é mais apenas o país das grandes plantações de café.
A agitação cresce nas cidades e despontam os primeiros arranha-céus. Os bondes elétricos despejam trabalhadores nas fábricas.
Getúlio Vargas cria as leis de amparo ao trabalhador e inicia a construção do Brasil moderno.
Os estádios viram palco de grandes celebrações patrióticas.
De repente, o Brasil tem pressa, porque descobre o futuro já chegou.
E QUEM SONHOU O FUTURO DO BRASIL?
- Foi gente como Anísio Teixeira, que escreveu o manifesto por uma “Escola Nova” – onde as crianças aprendem sem decoreba e sem vara de marmelo.
- E foi Monteiro Lobato que criou os primeiros heróis brasileiros da imaginação infantil.
O arquiteto Oscar Niemeyer projeta na Pampulha, em Belo Horizonte, a primeira visão do Brasil do futuro: um país capaz de fazer poesia com curvas de concreto.
O Brasil era grande demais para caber em um só retrato.
Portinari pintou brasileiros de todos os tipos, de todas as regiões do país e incorporou o futebol à arte.
Mas em meio a tantas cores e tanto movimento, era Di Cavalcanti quem buscava a imagem-síntese da sensualidade brasileira.
No colorido de seus quadros e nos palcos do Cassino da Urca, o Brasil assiste a invenção da mulata.
O arquiteto Oscar Niemeyer projeta na Pampulha, em Belo Horizonte, a primeira visão do Brasil do futuro: um país capaz de fazer poesia com curvas de concreto.
- E QUAL É A CARA DO BRASIL?
O Brasil era grande demais para caber em um só retrato.
Portinari pintou brasileiros de todos os tipos, de todas as regiões do país e incorporou o futebol à arte.
Mas em meio a tantas cores e tanto movimento, era Di Cavalcanti quem buscava a imagem-síntese da sensualidade brasileira.
No colorido de seus quadros e nos palcos do Cassino da Urca, o Brasil assiste a invenção da mulata.
“Vestido de Noiva” estréia em 1943 e revoluciona o teatro brasileiro. O carioca Nelson Rodrigues agora leva para o palco os personagens e o drama que recolhe nas ruas.
Com o baiano Jorge Amado e o pernambucano Manuel Bandeira, a literatura e a poesia começam a falar o português gostoso do Brasil.
Ser brasileiro, afinal, é usar e abusar do diminutivo, pois as palavras também são gestos de carinho..,
assim como são “carinhosas” as valsas e os chorinhos nascidos da flauta do genial maestro Pixinguinha.
Ser brasileiro é chegar logo pedindo um café, puxando conversa, cheio de intimidade, como os sambas de Noel Rosa, poeta e cronista de Vila Isabel.
É ser irreverente como Carmem Miranda, que brilha nas telas de cinema, e como embaixadora do samba e do carnaval, faz da baiana o nosso primeiro símbolo internacional.
- E QUEM FOI QUE UNIU O BRASIL?
Quem uniu o Brasil foram as ondas do Rádio, transformando suas estrelas e os jogadores de futebol em novos heróis populares.
Os locutores, como Ary Barroso, arrancam, pela primeira vez, milhões de gritos de gol ao mesmo tempo.
E O FUTEBOL-ARTE, DE ONDE SAIU?
Saiu das pernas dos craques dos anos 30 e 40. Das proezas de Leônidas da Silva, o Diamante Negro, que virou o futebol do avesso e criou a bicicleta.
E saiu da precisão milimétrica das jogadas de Domingos da Guia, o Divino Mestre, inventor do drible curto.
Promovidos a deuses da bola, os craques agora merecem seus templos.
Em 1940, São Paulo inaugura o Pacaembu, o maior estádio da América do Sul. No Rio, ergue-se o Maracanã, um estádio do tamanho dos nossos sonhos para a Copa de 50.
Os craques levaram para o campo a ginga das gafieiras,
a torcida trouxe para os estádios o ritmo das escolas de samba.
Mais que jogadores, criamos inventores do futebol.