A Democracia Corinthiana


Se os anos 1970 terminaram bem com a quebra do jejum de títulos e a conquista de 2 estaduais (1977 e 1979), a década seguinte foi o oposto, em especial o ano de 1981. Foi eliminado na 2ª fase da Taça de Ouro (como era chamado o Brasileirão) e terminou em 8º lugar no Paulistão, que na época era classificatório para o torneio nacional, qualificando-se para a Taça de Prata, a Série B dos dias de hoje. Era hora de uma revolução.

 

As mudanças começaram com o presidente Waldemar Pires, que convidou o sociólogo Adílson Monteiro Alves para ser diretor de futebol, mantendo Mário Travaglini, técnico aberto ao diálogo e amigo dos jogadores. Wladimir, Zé Maria, Zenon, Eduardo Amorim, Casagrande, e Sócrates tinham muito para falar. E muito o que mudar. Começando pelo fim da concentração, passando pela escolha do esquema tático, chegando até a contratação de jogadores, tudo o que envolvesse o futebol teria a participação de todo o elenco.

 

Em pouco tempo essa gestão participativa acabou ganhando o nome de Democracia Corinthiana, refletindo os anseios para a mudança no sistema político do país, nos anos finais da Ditadura Militar.

 

Logo o time voltou ao caminho das vitórias. Na Taça de Prata, classificou-se para a 2ª fase da Taça de Ouro. Chegou às semifinais, terminando o Brasileirão em 4º lugar. Já no Paulistão, o voltou a ganhar, repetindo o feito em 1983 (bicampeão depois de 31 anos!).

 

Os jogadores foram também mais ativos para além das quatro linhas. O time aderiu à campanha eleitoral de 1982, usando camisas com a frase “Dia 15 Vote”, incentivando os torcedores a votar nas eleições estaduais. O auge da mobilização aconteceu em 1984 com a adesão ao movimento Diretas Já, que defendeu a aprovação de emenda constitucional que permitisse o voto direto para presidente do país. Inclusive Sócrates, assediado pelo futebol italiano, prometeu rejeitar os milhares de dólares do calcio caso o movimento fosse bem-sucedido.

 

Infelizmente, a emenda não foi aprovada no Congresso Nacional. Sócrates parte para a Itália, jogar na Fiorentina. Sem um dos seus principais líderes, a Democracia Corinthiana perdeu força e foi encerrada com a derrota de Adílson Monteiro nas eleições de 1985.